VOCÊ SE SENTE DESACORDADO, PARALISADO OU CONSCIENTE?
- Nely Silvestre

- 19 de set. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de out. de 2022

Diante da complexidade, só um caminho possível. Permita-se transformar, mesmo que doa. Porque vai passar.
Ouvi, hoje cedo, a canção “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo Barros, eternizada na voz, e interpretação visceral, de Jair Rodrigues. E me emocionei!
“Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei”
A letra é inteira linda, mas este trecho, em particular, sobre o DESPERTAR, me toca profundamente.
Costumo me definir como alguém apaixonada por processos de transformação e testemunho também o mundo rodando, as visões se clareando e, a cada novo acordar, me entusiasmo no sentido literal da palavra.
“Entusiasmo tem, em sua etimologia, o sentido de “estar inspirado ou possuído por um deus, estar em êxtase”.
A cada despertar, sinto-me cheia de deus, em eterno processo de criação: construção-destruição-reconstrução. Uma escolha de vida, não significa que seja um caminho fácil.
E aí pergunto a você. O quanto você se dispõe a mudar, a se olhar com honestidade e coragem, a deixar doer?
A transformação é algo certo na vida e, mais do que nunca, o momento atual nos empurra a abraçar o novo, cada vez mais rápido. As respostas e receitas de ontem não servem, não funcionam mais. Por isso, olhar para dentro é essencial, para dentro de você, porque as respostas estão ali.
“ Você sente que viver está bem mais complexo? Você tem a sensação de que não dará conta, de que é tudo muito grande e nesta tormenta é impossível navegar?”
Tenho visto alguns comportamentos distintos diante da complexidade do cenário atual:
os desacordados – seguem com a vida como se em algum momento fossem retornar ao “mundo antigo”
os paralisados - diante dos desafios, se veem impotentes e sem saber por onde começar
os conscientes e dispostos – quem, mesmo diante do desconhecido, entrega-se à transformação e investe suor, lágrimas, tempo, músculos e aparato emocional na expansão de seus espaços internos e na atenção para as relações.
Calma! Se você se enxerga na fase 1, tudo bem! Significa que há um longo caminho, mas o bom é que há caminho.
Robert Kegan e Lisa Lahey, professores de desenvolvimento humano de Harvard, refletem o seguinte, no livro Imunidade à Mudança:
“Quando experimentamos o mundo como ‘complexo demais’, não estamos apenas experimentando a complexidade do mundo. Estamos experimentando a incompatibilidade entre a complexidade do mundo e a nossa neste momento. Há apenas duas maneiras lógicas para diminuir esta incompatibilidade – reduzir a complexidade do mundo ou aumentar a nossa própria.”
Reduzir a complexidade do mundo, sabemos, é tarefa inglória. No entanto, aumentar a nossa própria complexidade é possível. Como? Ampliando a nossa consciência.
Investir no autodesenvolvimento vertical, ou seja, na ampliação da própria consciência e visão de mundo, ajuda a acolher as contradições, ambiguidades e incertezas, o que tem se revelado fundamental tanto no ambiente de trabalho quanto nas relações pessoais.
Este caminho nem sempre é suave pois nos deparamos com sombras, incoerências e com as nossas próprias contradições. Certamente, de um lugar de mais consciência, nos deparamos com mais dor (nossas, dos outros, do mundo). No entanto, vamos aos poucos aprendendo a ver sem sofrer. Porque se nos identificamos com o problema, fica mais difícil sair dele. É como a lagarta que se liquefaz, se entrega e se transforma em crisálida para depois poder criar asas e ter outra visão de mundo.
Acredito na evolução como condição humana e não como escolha – estamos condicionados a expandir nossa complexidade ao longo da trajetória. A questão aqui, então, tem mais a ver com velocidade que com conteúdo. Diante da impossibilidade da estagnação e da urgência de transformação, nos resta catalisar o processo.
“Na verdade, duvido que haja para o ser pensante instante mais decisivo do que aquele em que, caindo-lhe as escamas dos olhos, ele descobre que não é um elemento perdido nas solitudes cósmicas, mas que é uma universal vontade de viver que nele converge e se hominiza. O Homem, não mais centro estático do Mundo, - como por muito tempo ele se acreditou; mas eixo e flecha da Evolução, - o que é muito mais belo.”
O fenômeno humano.
Teilhard de Chardin






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