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Sobre a inspiração

  • Foto do escritor: Nely Silvestre
    Nely Silvestre
  • 19 de set. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 11 de out. de 2022


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O texto de hoje é dedicado a uma pessoa que não conheço, mas que um dia conhecerei. Patrícia Palumbo. Patrícia é jornalista, podcaster, criadora do Vozes do Brasil, Rádio Vozes e Peixe Voador. Dedico estas palavras a ela por conta do podcast Peixe Voador, espaço onde ela compartilha trechos de prosa e de poesia e reflexões sobre a vida, que me inspiram profundamente. Recomendo que você dê uma passada por lá, é imperdível!


Esta manhã, ouvindo um dos episódios, a redação abaixo me chegou. Gracias, Patrícia!



Quero te convidar a ler o próximo parágrafo assim como ele se apresenta:


De tudo ao meu amor serei atento antes e com tal zelo e sempre e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento quero vivê-lo em cada vão momento e em seu louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto ao seu pesar ou seu contentamento e assim, quando mais tarde me procure quem sabe a morte angústia de quem vive quem sabe a solidão fim de quem ama eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama mas que seja infinito enquanto dure.


Esse texto corrido, transformado em prosa por uma transgressão desautorizada de minha parte, é o Soneto de Fidelidade, escrito em 1939 por Vinícius de Moraes. Perdão poetinha, cometer esse abuso com a sua poesia, mas a intenção era boa, você verá.



Ao ler o texto assim, o que você sentiu? Na minha experiência, as palavras perderam um pouco a bossa, a malemolência (adoro essa palavra), o brilho.

Te convido agora a (juro que é só mais esse convite), por alguns segundos, somente expirar.


_______Conseguiu? Vai dando uma agonia, não é? Não tem jeito, em algum momento você precisará inspirar.


Fiz estes convites pra te lembrar que esse sufoco, esse nó na garganta que você sente de vez em quando, certa(o) de que irá colapsar diante das tarefas, diante das cobranças, diante dos objetivos, é pura falta de ar. É falta de pausa, de nutrição, de inspiração, de poesia. Não quero aqui ser simplista e com isso romantizar a dor de quem está sofrendo com a saúde mental fragilizada. Não é isso. Minha intenção é te ajudar a lembrar que a vida se dá num equilíbrio dinâmico entre produzir e relaxar, exteriorizar e interiorizar, saber e não saber, cuidar do outro e cuidar de si, expirar e inspirar. Inspirar como parte fundamental do ato de respirar, mas, principalmente, no sentido de se deixar influenciar pelo bom, pelo belo, pelo verdadeiro.



Mario Quintana tem um poema lindíssimo sobre isso, que divido aqui com você:


“Quem faz um poema abre uma janela.

Respira, tu que estás numa cela abafada,

esse ar que entra por ela.

Por isso é que os poemas têm ritmo

- para que possas profundamente respirar.

Quem faz um poema salva um afogado.”

Mario Quintana




Percebeu como é diferente ler um poema com as devidas, urgentes e vitais pausas?


Então, da próxima vez que pintar a angústia, busca o que te inspira, busca a pausa poética pro teu ritmo, o intervalo que te salve do afogamento. Inspira.

Se precisar de escuta, ombro ou inspiração, estou aqui.


Gracias Patrícia, mais uma vez, por ser janela pra mim.



 
 
 

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As palavras...

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